Parecer sobre a Prova de Português de 9.º ano (prova 91), 21 de junho de 2019

Parecer sobre a Prova 91 – Português de 9.º ano – 21 de junho de 2019

A prova nacional de Português de 9.º ano, de código 91, é constituída por um primeiro grupo destinado à compreensão oral no qual é apresentado um ficheiro áudio e questões de escolha múltipla sobre a gravação que é apresentada aos destinatários da prova.

O segundo grupo visa a interpretação textual, sendo composto por um texto A, de carácter informativo,  da autoria de Pedro Cardim; um texto B,  do género dramático, da autoria de José Saramago e um texto C, uma estância da epopeia camoniana  Os Lusíadas .

O terceiro grupo contempla a gramática e o grupo IV é destinado à produção textual, no presente caso, é solicitado um texto de opinião.

Relativamente ao grupo de compreensão oral, que é testada após audição do ficheiro, o excerto é proveniente de um programa radiofónico e, ao longo de quatro questões de escolha múltipla, os alunos têm de assinalar a opção correta.  Tanto o texto como a formulação de questões afiguram-se objetivos, não criando dificuldades.

No que diz respeito ao primeiro texto apresentado no grupo II – texto informativo – , as questões de interpretação são de tipologias diversas: escolha múltipla, ordenação e associação, e revelam-se claras e adequadas ao ano de escolaridade em causa.

Em relação ao segundo texto  – excerto da obra  Que Farei com Este Livro? – ,  da autoria de José Saramago, deixamos uma chamada de atenção para os cenários de resposta apresentados nos critérios de classificação, no que diz respeito à pergunta 6 (B) – os critérios apontam como respostas a aceitar as expressões «o valor» ou «a excecionalidade». Tais expressões, sem abertura a outras possibilidades, afiguram-se limitativas, pois, em nosso entender, respostas como «a qualidade» ou «a genialidade», entre outras, não extrapolam o texto apresentado, afigurando-se igualmente válidas.

Ainda sobre este mesmo texto, os critérios de classificação relativos à questão 9, apresentam como conselho a dar à atriz com base na indicação cénica/didascália do excerto (“outro tom”, linha 9), um cenário de resposta que contempla unicamente um “tom humilde” ou um “tom forte”, o que se nos afigura como algo de limitativo, ou seja, parece-nos igualmente legítimo o recurso a um “tom emocionado”, pois a mãe do poeta, Ana de Sá,  pode sentir emoção ao referir o facto de o seu filho ter amigos verdadeiros, o que leva a situações em que respostas igualmente pertinentes possam vir a ser penalizadas, aquando da classificação.

As questões destinadas ao texto C – estância de Os Lusíadas (Canto X, est. 145) afiguram–se pertinentes ficando, no entanto, uma referência à pergunta 10 , dado ser solicitado um texto breve, sem referência a um número aproximado de palavras, o que pode conferir menor objetividade se tivermos em conta a totalidade de destinatários da prova. Apesar de, em diversas provas nacionais, o número certo de palavras ter sido, neste tipo de questões, uma limitação, o facto de ser apresentado um número aproximado de palavras pode contribuir para um maior equilíbrio na totalidade das provas. Nesta mesma questão, a indicação de tópicos confere maior objetividade às respostas não permitindo, deste modo, desvios em relação aos critérios de classificação.

O grupo III destinado à gramática é objetivo, contemplando os conteúdos programáticos.

Quanto ao grupo IV, destinado à produção textual, o texto de opinião solicitado obedece a um tema atual, do conhecimento geral dos destinatários, e as indicações apresentadas revestem-se de objetividade.

 

Associação de Professores de Português, Lisboa, 21 de junho de 2019

 

 

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